segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma rosa


Chega a ti, Abû ʿÂmir, uma rosa. // Recorda-te o perfume as suas exalações.
É como ver uma donzela que ao ser vista // cobrisse com as mangas a cabeça.

Ibn Ṣâra de Santarém
Tradução: André Simões

أتَـتْكَ أبا عـــامِرِ وَرْدةٌ // تَذَكَّرَكَ الطِّيبُ أنْفاسَــــــها
كَعَذْراءَ أنْصَرَها مُبْصِرٌ // فَغَطَّتْ بِأكْمامِها رأسَـــــها

Bebedeira no convento


MOAXA 34

Uma destas noites fomos a um convento para a vinhaça,
por entre guardas e camaradas.


1
A correr, uma menina nos trouxe vinho.
Recebeu-nos com hospitalidade e respeito,
e jurou pelos Evangelhos.

Não a vesti senão com pez,
e no fogo não foi posta nenhuma vez!

2
E eu disse-lhe: tu, ó mais formosa de todas,
Porque pondes bebida no copo?
Ela disse: “Isso não nos incomoda de todo,

Pois assim o bebemos nos escritos
dos monges e dos bispos.”

3
Confesso-vos, ó gente nobilíssima,
estou preso de paixão por Ahmad:
tem uns olhos que matam de indiferença.

Escondi a paixão em segredo no meu íntimo,
mas as minhas lágrimas desvelaram os meus segredos.

4
As lágrimas do amante desvelaram a paixão,
pois a sua face é como a Lua cheia no horizonte;
tem olhos que matam as criaturas.

E quantos ferozes leões foram mortos
e para os caídos do amor não há vingança.

5
Uma miúda foi encantada por ele,
ficou doente com a rejeição e o orgulho,
recitou e cantou-lhe:

“Piedade, piedade, ó formoso!, diz:
por Deus, porque [me] queres tu matar?”


Cego de Tudela
Tradução: André Simões

N.B.:
as palavras em itálico na última estrofe estão em língua romance moçárabe.


الموشح ٣٤

وليلٍ طـَرَقـْنا دَيْرَ خَمّارِ // فَمن بَـيْنَ حُرّاسٍ وسُمّارِ

فأتـَّتْ لنا الخَمرَ بِتَعْحيـــــلِ
وَقامَتْ بِتَـرحيبٍ وتَبْجيــــلِ
وَقَدْ أقْسَمَتْ بِما في الإنْجيـــلِ
ما لَـبَّسْتُها سِوىً القارِ // وَما عُرِضَتْ يَوماً على النارِ

فَقلتُ لها يا أمْلَحَ النـــــاسِ
فَما عِنْدكُم في الشُرْبِ بالكــأسِ
قالَتْ ما عَلينا فيهِ من بــــأسِ
كذا قد رويناهُ في الأخْبارِ // عَنْ جُملةِ رُهبانٍ وأحبارِ

أُقرَّ لَكُم يا قَومُ بِالأمْـجَــــدْ
أنّي مُستهامٌ في هَوىٍ أحمــــدْ
لَهُ مُقَلٌ تَقْتُلُ بِالصَـــــــدْ
كَتَمْتُ الهوى سِرّاً بِمضماري // لَكِنْ أدْمُعي باحَتْ بِأسراري

بَاحَتْ أدْمُعُ العاشِقِ بِالعِشْـــقِ
فيمن وَجْهُهُ كَالبَدْر في الأُفْـــقِ
له مُقَلٌ لِقَتْلِ في خَلْــــــقِ
فَكَمْ قُتِلَتْ من أسدٍ ضار // وما لِقَتيلِ الحُبِّ مِنْ ثأرِ

وَرُبَّ فَتاةٍ فُتنتْ فيـــــــهِ
يُعَلَّلُها بِالصدِّ والتيـــــــهِ
فَقَدْ أنْشَدَتْ وهي تَغْنّيـــــهِ
أمانُ أمانُ لَمَليحْ غارِ // بُرْكي تو كِرْشْ بِاللهِ مَتارِ

segunda-feira, 22 de março de 2010

Tições ardentes



Se no teu coração há tições ardentes então não espalhes os seus segredos pois receio o seu fogo no jardim ou nas suas flores


ʿA'ixa al-Iskandarâniya
Tradução: André Simões
tradução provisória


إذا كانَ قَـلْبُكَ ذا جاحِم فلا تَبْعَشَنَّ بِأسرارِهِ

فإني لأشْفِقُ من نارِهِ على الرَوضِ أو بَعْضَ أزْهارِهِ