terça-feira, 15 de setembro de 2009

Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos . 2 & 3


2
ofereci-lhe na missa primeira e na segunda e na terceira
o pão encarnado . o vinho . os beijos

3
aqui estou eu. nu. como a nudez eterna do céu de verão.
o mar - o exílio - o deserto
as palavras


Abd al-Wahab al-Bayyati
(de "Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos")

Tradução: André Simões


٢
قَدَّمْتُ لها في القُدّاسِ الأولِ والثاني
خُبْزَ الجَسَدَ - الخَمْرَ - القُبُلات

٣
ها أنذا عَارٍ عُريَ سَماءِ الصَّيفِ
الأبَدي ــ البَحْر ــ المَنْفىً ــ الصَّحْراء
الكَلِمات


N.B.: o árabe tem, no início da segunda linha, "o pão de carne". Optei por "pão encarnado" tendo em conta as evidentes conotações desta estrofe com a liturgia cristã.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos . 5 & 6


5
chegou um tempo para o amor & vão chegar tempos para a morte

6
não nos sobra nada senão o silêncio

Abd al-Wahab al-Bayyati
(de "Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos")

Tradução: André Simões

٥
زَمَنٌ لِلْحُبِّ أَتى وسيَأْتي أَزْمانٌ لِلْمَوت

٦
لَمْ يبق لَنا إلا الصَــــــــمْت

domingo, 6 de setembro de 2009

Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos . 3


3
aqui estou eu. nu. a nudez eterna do céu de verão.
o mar - o exílio - o deserto
as palavras


Abd al-Wahab al-Bayyati
(de "Metamorfoses de Nitócris no Livro dos Mortos")

Tradução: André Simões


٣
ها أنذا عَارٍ عُريَ سَماءِ الصَّيفِ
الأبَدي ــ البَحْر ــ المَنْفىً ــ الصَّحْراء
الكَلِمات

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Fantasma



(para um guarda:) vou-te ensinar a esperar
à porta da minha morte adiada

tem calma, tem calma

talvez te fartes de mim

e tires a tua sombra de cima de mim

e entres na tua noite livre

sem o meu fantasma

Mahmûd Darwîsh

(de "Estado de Sítio", 2002)

Tradução: André Simões
إلى حارِسٍ: سَأَعْلِّمُكَ الاِنْتِظار
عَلى بابِ مَوتي المُؤجَّل
تَمْهَّلْ، تَمْهَّل
لَعَلَّكَ تَسْأمُ مِنَي
وَتَرْفَعُ ظِلَّكَ عَنّي
وَتَدْخُلُ لَيلَكَ حُرّاً
بِلا شَبَحي


Papagaio de papel


vai brincar um menino com um papagaio de papel
de quatro cores

(vermelho preto branco verde)

e a seguir entra numa estrela fugitiva


Mahmûd Darwîsh
(de "Estado de Sítio", 2002)

Tradução: André Simões


سَيَلْعَبُ طِفْلٌ بِطائرةٍ مِن وَرَق
بِألوانِها الأرْبَعَة
(أَحْمَر، أَسْوَد، أَبْيَد، أَخْضَر)
ثُمَّ يَدْخُلُ في نَجْمَةٍ شارِدة